Um nariz vermelho entre o que é
real e o que se faz encenar. Por de trás do pancake branco uma lagrima escorre
de dentro para fora. O tempo esta passando e a cena marca o fim do primeiro ato,
nada de aplausos.
Novamente em cena, os braços se
erguem o mais alto num gesto ultimo, clamando pelo fio de graça que escorre de
uma fresta na lona cinza sobre o picadeiro. A voz rouca e baixa se confunde com
as batidas de um coração calado, que clama pelos sorrisos da plateia. Entre uma
torta na cara e o desembaraço de uma queda, o palhaço se levanta, lembrando de
quando era criança, brincando de ciranda, percebe que o mundo roda e que a
possível derrota se transformou em desafio digno de vitória. A roupa listrada
de fio em trapos, não segura a alma renovada que se rasga com tanta graça
levando a plateia ao delírio.
Neste picadeiro, onde somos
palhaços, a luz vem do alto e nem sempre os aplausos se dão para aqueles que engrandecem
o espetáculo da vida. Nunca devemos esquecer que a vaidade é da bailarina e
como palhaços nossa missão é esbanjar alegria.